Dra. Natalia Fumagalli

O Que é Mieloma Múltiplo?

O mieloma múltiplo é um tipo de câncer que afeta a medula ossea, levando acúmulo de uma célula chamada plasmocito, que é um tipo de glóbulo branco altamente especializado. Essas células são responsáveis pela produção de anticorpos que ajudam a combater infecções. No mieloma múltiplo, as células plasmocitárias adquirem vantagens, vivendo mais tempo no organismo e se proliferam de forma descontrolada, resultando em uma superprodução de proteínas anormais (conhecidas como proteínas Monoclonais) e comprometendo a produção normal de células sanguíneas, a saúde ossea, alterações do calcio e rim.

Sintomas do Mieloma Múltiplo

Os sintomas do mieloma múltiplo podem variar bastante, mas incluem:

  • Dor óssea: Geralmente nas costas, quadril e costelas, devido à destruição óssea causada pela proliferação da célula plasmocitária nesses locais.
  • Fraturas ósseas: Devido ao enfraquecimento dos ossos.
  • Fadiga: Relacionada à anemia, uma vez que a doença ocorre na medula ossea e leva redução da produção das outras células sadias.
  • Infecções frequentes: Devido à diminuição da produção de anticorpos saudáveis, pacientes com mieloma multiplo possuem maiores indices de pneumonias, herpes zoster, entre outras.
  • Insuficiência renal: Pode ocorrer devido ao acúmulo de proteínas anormais nos rins, levando piora da função da renal e até necessidade de hemodialise.
  • Hipercalcemia: Níveis elevados de cálcio no sangue ocorrem devido a destruição dos ossos, e isso pode causar náuseas, constipação, sede excessiva, e confusão mental.

O Papel da Dra Natália na avaliação do mieloma múltiplo:

Dra Natália Fumagalli é uma dedicada hematologista, tendo atendido um dos maiores ambulatórios de mieloma múltiplo do Brasil. Ela é membro da Associação Brasileira de Hematologia e Hemoterapia e especializada em transplante de medula óssea, tendo assistido vários pacientes portadores de mieloma múltiplo em transplante.

Por meio de seu consultório em Sinop, Dra Natália realiza pesquisa de mieloma múltiplo a partir de exames no sangue, exames de medula ossea, e analisando detalhadamente a saúde do paciente bem como seu histórico e medicações em uso. Entendendo melhor o contexto do paciente, somente assim pode ser empregado o tratamento ideal.

O objetivo da Dra Natália é otimizar a qualidade de vida dos seus pacientes. Por meio de intervenções individualizadas, desde mudanças na dieta e estilo de vida até terapias medicamentosas, ele ajuda os pacientes a controlar melhor sua condição e a evitar complicações.

Se você mora no norte do Mato Grosso e possui qualquer suspeita de mieloma múltiplo, não hesite em marcar uma consulta com ela.

Tipos de Mieloma Múltiplo

Uma vez diagnósticado o mieloma múltiplo, será estratificado em riscos adversos de acordo com os exames do Diagnóstico!

Existem alguns subtipos de mieloma multiplo a depender de:

  • Quantidade de plasmócitos presentes na medula óssea
  • Tipo de proteína monoclonal produzida
  • Sintomas associados ao mieloma múltiplo

O mieloma múltiplo pode ser classificado em diferentes tipos com base em características específicas das células do mieloma e do comportamento da doença. Aqui estão os principais tipos:

1. Mieloma Múltiplo IgG

  • Descrição: Este é o tipo mais comum de mieloma múltiplo, representando cerca de 60-70% dos casos. As células do mieloma produzem um excesso de imunoglobulina G (IgG).
  • Característica: A proteína monoclonal predominante é a IgG.

2. Mieloma Múltiplo IgA

  • Descrição: Representa aproximadamente 20% dos casos de mieloma múltiplo. As células do mieloma produzem um excesso de imunoglobulina A (IgA).
  • Característica: A proteína monoclonal predominante é a IgA. Tendem a cursar com níveis mais elevados de proteínas e podem cursar com confusão mental e disfunção renal graves.

3. Mieloma Múltiplo IgD

  • Descrição: Este é um tipo raro de mieloma múltiplo, representando cerca de 2% dos casos. As células do mieloma produzem imunoglobulina D (IgD).
  • Característica: A proteína monoclonal predominante é a IgD. Esse tipo tende a ser mais agressivo, porém é mais raro.

4. Mieloma Múltiplo IgE

  • Descrição: Extremamente raro, com menos de 1% dos casos. As células do mieloma produzem imunoglobulina E (IgE).
  • Característica: A proteína monoclonal predominante é a IgE.

5. Mieloma Múltiplo Não Secretor

  • Descrição: Representa cerca de 1-2% dos casos. Neste tipo, as células do mieloma não produzem uma quantidade detectável de proteína monoclonal no sangue ou na urina. Ou seja, a eletroforese de proteínas pode ser normal, porém com outras alterações do mieloma, isso é: anemia, calcio e ossos alterados.
  • Característica: Dificulta o diagnóstico, pois não há produção significativa de proteína monoclonal, mas as células plasmocitárias anomlas estão presentes na medula óssea.

6. Mieloma Múltiplo de Cadeia Leve

  • Descrição: Também conhecido como doença de Bence-Jones, representa cerca de 15-20% dos casos. As células do mieloma produzem apenas cadeias leves de imunoglobulinas (kappa ou lambda), sem as cadeias pesadas (IgG, IgA, etc.).
  • Característica: A proteína monoclonal consiste apenas de cadeias leves, isso é, apenas um pedaço do anticorpo é produzido, e são detectadas principalmente na urina de 24h.

7. Plasmocitoma Solitário

  • Descrição: Não é exatamente um tipo de mieloma múltiplo, mas uma condição relacionada onde há apenas uma única massa de células plasmáticas cancerosas (plasmocitoma), geralmente nos ossos ou tecidos moles.
  • Característica: Pode evoluir para mieloma múltiplo se não tratado ou se for recidivante.

8. Gamopatia Monoclonal de Significado Indeterminado (GMSI)

A Gamopatia Monoclonal de Significado Indeterminado, GMSI, é uma condição na qual há a presença de uma proteína anormal chamada proteína monoclonal no sangue, produzida por um pequeno número de células plasmáticas anormais na medula óssea.

Características Principais

  • Presença de Proteína M: A GMSI é caracterizada pela presença de baixos níveis de proteína monoclonal no sangue, sem outros sinais ou sintomas de câncer ou doenças relacionadas.
  • Sem Sintomas: A maioria das pessoas com GMSI não apresenta sintomas e não desenvolve problemas de saúde relacionados à condição.
  • Estável ao Longo do Tempo: Na maioria dos casos, a GMSI permanece estável e não progride para uma condição mais grave.

Risco de Progressão

Embora a GMSI seja geralmente benigna, em cerca de 1% dos casos por ano, ela pode evoluir para condições mais sérias, como mieloma múltiplo, amiloidose ou outros distúrbios linfoproliferativos. O risco de progressão depende de vários fatores, incluindo o nível da proteína monoclonal, o tipo de cadeia presente, e a proporção de células plasmocitárias na medula óssea.

Diagnóstico

O diagnóstico de GMSI é feito por meio de exames de sangue que detectam a presença de proteína monoclonal e avaliam a função dos órgãos. Outros exames, como a biópsia de medula óssea, podem ser realizados para excluir condições mais graves.

Critérios para Diagnóstico de GMSI:

  • Níveis de proteína M no sangue inferior a 3 g/dL.
  • Menos de 10% de células plasmáticas na medula óssea.
  • Ausência de sintomas relacionados, como lesões ósseas, anemia, insuficiência renal ou hipercalcemia.

Tratamento

Como a GMSI geralmente não causa sintomas, não requer tratamento imediato. Em vez disso, os pacientes são monitorados regularmente (geralmente a cada 6 a 12 meses) para verificar se há sinais de progressão para uma condição mais grave.

Monitoramento

O acompanhamento regular inclui exames de sangue para medir os níveis de proteína M e avaliar a função dos órgãos, além de exames de imagem se necessário.

Importância do Diagnóstico Precoce

Identificar e monitorar a GMSI é crucial porque, embora seja uma condição geralmente benigna, a progressão para mieloma múltiplo ou outras doenças pode ocorrer, e o diagnóstico precoce pode levar a uma intervenção oportuna.

9. Mieloma Múltiplo Indolente (Smoldering Myeloma)

O mieloma múltiplo indolente, também conhecido como “smoldering myeloma” (SMM), é uma forma precoce e menos agressiva do mieloma múltiplo. Nessa condição, há um aumento no número de células plasmáticas anormais na medula óssea e uma quantidade elevada de proteínas anormais no sangue (proteína M), mas sem os sintomas ou complicações graves associadas ao mieloma múltiplo ativo, como danos ósseos, insuficiência renal, anemia ou hipercalcemia.

Características Principais

  • Sem Sintomas Clínicos: Apesar da presença de células plasmáticas anormais, os pacientes não apresentam sintomas significativos.
  • Níveis Elevados de Proteína M: O nível de proteína M é maior do que o encontrado na gamopatia monoclonal de significado indeterminado (MGUS), mas sem os sinais de progressão para mieloma ativo.
  • Células Plasmáticas na Medula Óssea: A quantidade de células plasmáticas anormais na medula óssea está entre 10% e 60%, mas sem evidência de lesões ósseas ou outras complicações.

Risco de Progressão

O smoldering myeloma é considerado uma condição precursora do mieloma múltiplo ativo. O risco de progressão para mieloma múltiplo ativo é maior nos primeiros 5 anos após o diagnóstico, com uma taxa de progressão de cerca de 10% ao ano nos primeiros cinco anos, diminuindo nos anos subsequentes.

Diagnóstico

O diagnóstico é feito com base em exames de sangue, urina e biópsia de medula óssea. Exames de imagem, como ressonância magnética ou tomografia, também podem ser realizados para excluir a presença de lesões ósseas.

Tratamento

Atualmente, o smoldering myeloma é frequentemente monitorado de perto, sem tratamento imediato, uma abordagem chamada de “vigiar e esperar”. O tratamento só é iniciado se houver sinais de progressão para mieloma múltiplo ativo. No entanto, pesquisas recentes estão investigando se o tratamento precoce pode retardar ou prevenir a progressão para mieloma ativo, especialmente em pacientes com alto risco.

Monitoramento

Pacientes com smoldering myeloma são monitorados regularmente com exames de sangue e de imagem para detectar qualquer sinal de progressão para o mieloma múltiplo ativo.

Essa forma de mieloma é importante porque permite a detecção precoce e o monitoramento rigoroso, o que pode melhorar o prognóstico e a qualidade de vida dos pacientes.

Diagnostico do Mieloma Múltiplo

O diagnóstico do mieloma múltiplo é feito por meio de uma combinação de exames:

  • Exames de sangue: Dentre eles, hemograma, nível serico de calcio, função renal, bem como eletroforese de proteínas séricas, dosagem de imunoglobulinas e relação de cadeias leves livres séricas.
  • Exames de urina: Para verificar a presença de proteínas anormais que podem ser perdidas pelo rim. É necessária dosagem de proteínas urinas e dosagem cadeias leves livres na urina.
  • Biópsia da medula óssea: É essencial para confirmação do mieloma multiplo. Na biopsia de medula ossea, é analisada quantidade de plasmocitos presentes na medula ossea. Contagem acima de 10% associado a sintomas da doença confirmam o diagnóstico. Presença de plasmócitos na ausência dos sintomas, pode se tratar de situações pré mieloma multiplo.
  • Exames de imagem: Como mieloma multiplo acomete os ossos, com destruição especialmente das vertebras, com lesões osteoliticas, é necessário exames de tomografia computadorizada da coluna e pelve, ressonancia de locais onde possui maior dor, e até PET-CT.

Tratamento de Mieloma Multiplo

O tratamento do mieloma múltiplo varia de acordo com a gravidade da doença e o estado geral do paciente. As opções incluem:

  • Quimioterapia: medicamentos quimioterapicos são utilizados no tratamento de mieloma múltiplo, porém são usados associados a outras medicações e em cenários em que a doença é grave e avançada, ou em segundas ou outras linhas.
  • Corticosteroides: Para reduzir a inflamação e destruir células plasmocitárias.
  • Imunomoduladores e inibidores de proteassoma: Medicamentos que interferem no crescimento e sobrevivência das células do mieloma.
  • Terapia-alvo: Medicamentos que atacam especificamente as células cancerosas sem afetar as células normais. Entre elas estão medicamentos como anticorpos monoclonais anti CD38.
  • Transplante de células-tronco: Pacientes com boas condições clinicas e que não tenham doenças graves de base tem indicação de realizar transplante em primeira linha para o tratamento de mieloma multiplo. Isso eleva o tempo de silenciamento da doença, demorando mais tempo para recaída e necessidade de novas linhas terapeuticas.
  • Anticorpos biespecificos: Tem como alvo um marcador celular chamado BCMA, onde o anticorpo se liga a essa proteína da célula anormal em um braço e no outro braço se liga a uma célula imunologica reativa que ira induzir detruição da célula cancerigena.
  • CAR-T cell: A infusão de linfocitos T modificados geneticamente para reconhecer e destruir o mieloma múltiplo ainda não é uma terapia disponível de primeira linha, reservada no momento a estudos clínicos.
  • Radioterapia: Para aliviar a dor óssea e tratar áreas específicas onde pode haver plasmocitomas presentes.
  • Tratamento de suporte: Inclui medicamentos para controlar a dor, tratar a anemia, infecções, e proteger os ossos.

O mieloma múltiplo é uma doença crônica, incurável, porém controlável se bem manejada ao diagnóstico. Os tratamentos disponíveis podem ajudar a controlar os sintomas, reverter algumams das lesões pelo cancer, porém sem conseguir normalizar a saúde ossea dos pacientes. O tratamento almeja melhorar a qualidade de vida e prolongar a sobrevida dos pacientes. Algumas limitações ocorrem no período de tratamento com quimioterapia, com alguns tipos de alimentos devendo ser evitados.

Embora o mieloma múltiplo ainda seja considerado uma doença grave e complexa, os avanços no tratamento têm melhorado significativamente a expectativa de vida dos pacientes.

No entanto, é verdade que o mieloma múltiplo pode ter um impacto na expectativa de vida, especialmente em estágios avançados ou quando não tratado adequadamente. O prognóstico pode variar dependendo de vários fatores, como a idade do paciente, a resposta ao tratamento, o estágio da doença no momento do diagnóstico, e outras condições de saúde subjacentes.

Por exemplo, pacientes mais jovens com mieloma múltiplo geralmente têm um prognóstico melhor do que pacientes mais velhos. Além disso, o acesso a tratamentos mais novos e eficazes, como terapias celulares, pode melhorar significativamente a sobrevida.

Se você ou alguém que você conhece está lidando com mieloma múltiplo, é essencial conversar com um hematologista ou oncologista especializado para obter uma compreensão clara do prognóstico e das opções de tratamento disponíveis.

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